“Europa na Guerra — 1939-1945” (Record, 599 páginas, tradução de Vitor Paolozzi), do historiador inglês Norman Davies, conta a história da Segunda Guerra sob novo prisma, realçando a decisiva participação dos soviéticos e a omissão dos líderes ocidentais em relação aos abusos do stalinismo. Davies apresenta, nas últimas páginas, e mesmo durante a maior parte do livro, uma discussão muito interessante sobre a historiografia da guerra.
Laurence Rees é autor do notável “Stálin, os Nazistas e o Ocidente” (Larousse, 567 páginas, tradução de Luis Fragoso). Mostra que os erros absurdos de Stálin, que, em determinado momento, teve medo de ser liquidado por seus camaradas, e a vitalidade dos soldados russos. O comprometimento de Stálin com Hitler e o nazismo foi muito maior do que em geral é descrito noutros livros de história.
Rees apresenta uma história pouco citada: quando Stálin quis matar Jukov, o exército reagiu, e o ditador apenas o transferiu para uma província distante. Rees escreve, muito bem, sobre o massacre de Katyn e outros, sobre a deportação dos tártaros, outro capítulo da Segunda Guerra pouco mencionado nos livros de história. O historiador inglês também apresenta fartos dados e prova como Churchill e Roosevelt (este provou ser indiferente ao destino dos poloneses. Harry Hopkins, um homem admirável, também fica muito mal, pois parece ter sido seduzido por Stálin) praticamente entregaram a Polônia a Stálin.
“Os Três Grandes — Churchill, Roosevelt & Stálin Ganharam Uma Guerra e Começaram Outra” (Nova Fronteira, 487 páginas, tradução de Gleuber Vieira), de Jonahtan Fenby, ainda não li, mas é um livro elogiado, talvez por ser escrito num tom mais jornalístico. Pouco citado, mas muito bom, é “Os Senhores da Guerra — Hitler, Stálin, Churchill e Roosevelt” (Record, 447 páginas, tradução de Vitor Paolozzi), de Simon Berthon e Joanna Potts.
Falta traduzir muita coisa, como “A Grande Enciclopédia Soviética”, que saiu em inglês em 1970. É um ponto de partida, segundo Davies, para conhecer a versão soviética da guerra. “The Road to Stalingrad” (de 1975) e “The Road to Berlim”, de John Erickson, são pró-soviéticos.
De Richard Evans falta publicar “The Coming of the Third Reich” (2003); de Michael Burleigh, ‘The Third Reich: A New History” (2000). Não chegou ao Brasil “The Dictators: Hitler’s Germany e Stalin’s Russia” (2004), de Richard Overy. Davies diz que o livro é “excelente”. “Ivan’s War” (2005), de Catherine Merridale, ainda não ganhou tradução. De Gerhard Weinberg falta editar “A World at Arms” (1994). Trata-se um livro importante, segundo Davies (que faz apenas uma ressalva).
Para Davies, “Armaggedon, 1944-5” (2005), de Max Hasting, é um livro importante. Hasting também é autor de “Overlord”.
Davies diz que “Stálin — A Corte do Czar Vermelho” (2003), de Simon Sebag Montefiore, “abrirá muitos olhos”. Este saiu pela Companhia das Letras. “Gulag”, de Anne Applebaum, é apresentado por Davies como “soberbo”. Saiu, no Brasil, pela Ediouro. Para quem ainda não internalizou os crimes do stalinismo como semelhantes aos crimes do nazismo, o livro de Applebaum, rigorosamente documentado, com dados recuperados nos arquivos do governo soviético, é fundamental. “The Great Terror: A Re-Assessment” (1992), de Robert Conquest, não saiu em português. Mas a versão anterior, muito boa, saiu pela Expressão e Cultura com o título de “O Grande Terror” (o leitor pode conseguir um exemplo no sitewww.estantevirtual.com.br). Conquest foi pioneiro na apresentação documentada dos crimes stalinistas. Foi muito atacado, mas a história deu-lhe razão.
Um dos historiadores mais elogiados por Davies é o inglês Antony Beevor, autor de vários livros publicados no Brasil. Davies cita “Stalingrado” (Record) e “Berlim 1945: A Queda” (Record, 600 páginas, tradução de Maria Beatriz de Medina). A selvageria dos soviéticos é fartamente documentada. Faltou citar o excepcional “Creta: A Batalha e Resistência na Segunda Guerra Mundial — 1941-1945” (Record, 460 páginas, tradução de Maria Beatriz de Medina, com revisão técnica de Márcio Scalercio).
“O Longo Inverno — A Batalha do Bulge e a História do Pelotão Mais Condecorado da Segunda Guerra Mundial” (Record, 347), de Alex Kershaw, é muito bom, mas, salvo engano, passou batido na mídia brasileira.
Até o fim do ano, deve sair, pela Companhia das Letras, a biografia de Hitler escrita pelo historiador Ian Kershaw. É a mais equilibrada e atualizada biografia do líder nazista. Tenho a edição espanhola, em dois volumes. Li que a Companhia das Letras vai publicar num só volume. Espero que não fique um volumão difícil de ser manuseado, com letras pequenas, sem fotografias e notas. Dois aperitivos de Kershaw: os magníficos “Hitler — Perfil do Poder” (Jorge Zahar, 254 páginas) e “Dez Decisões Que Mudaram o Mundo — 1940-1941” (Companhia das Letras, 687 páginas, tradução de Berilo Vargas, Celso Mauro Paciornik, Clóvis Marques e Fernanda Abreu).
Se o leitor quiser saber mais sobre o nazista-chefe deve consultar “O Hitler da História” (Jorge Zahar Editor, 250 páginas), de John Lukacs. Trata-se de um balanço do que se publicou de mais importante sobre Hitler.
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